Switch Car

20 anos sem o maior piloto de todos os tempos

senna 3 700x470 20 anos sem o maior piloto de todos os tempos
Era uma manhã como essa… Mais uma de domingo em que levantei cedo – por volta de 8h – para assistir mais uma corrida de Fórmula 1. Não era como hoje, que apenas vejo de vez em quando, na esperança que algo de diferente venha a acontecer.
Há 20 anos, já sabíamos que haveria um show. Um evento orquestrado por um homem capaz de realizar proezas ao volante de um bólido da F1. No entanto, apesar de confiarmos em suas habilidades e em seu poder de concentração e profissionalismo, estávamos apreensivos. Ele ainda não havia pontuado depois de duas provas e pior, não terminara nenhuma das edições daquele começo de 1994.
Além disso, o tal GP de San Marino parecia uma daquelas provas em que tudo dá errado e o acidente com Rubens Barrichello e a morte de Roland Ratzenberger deixavam o ambiente ainda mais sinistro. Para mim, a confiança no já considerado maior piloto de todos os tempos ainda superava tudo o que de ruim estava acontecendo. Acreditava que dessa vez, ele iria se superar – mais uma vez – e ganharia o GP.
senna 2 700x494 20 anos sem o maior piloto de todos os tempos
Veria ainda o Pedro Lamy espatifar seu Lotus contra J.J. Lehto, atingindo também torcedores e um segurança. A partir daí, eu comecei a ficar apreensivo, pois havia um risco enorme de mais algo grave acontecer naquela prova, mas no íntimo, sabia que nosso campeão estaria bem no lugar onde sempre esteve, lá na frente.
No retorno, ele já abria vantagem contra um promissor Schumacher e eu ficava mais tranquilo. Afinal, era lá na frente que um dos maiores brasileiros da história comandava o show. Lembro que mesmo quando estava em desvantagem, usava seu “poder” para fazer ultrapassagens incríveis e mostrar que se existiam professores, ele de fato era um verdadeiro mestre!
Mas, existia uma Tamburello, que já havia levado Ratzenberger poucas horas antes e Gilles Villeneuve muitos anos antes. Quando o Williams FW16 passou direto nessa curva e bateu forte, meu coração acelerou. Eu não queria saber de mais nada naquele momento, apenas que ele sairia bem dali. Mas não foi o que aconteceu, paramédicos, helicóptero e a notícia que ninguém queria dar… Ayrton Senna está morto.
Não houve lágrimas naquele momento… Não dava. Parecia um sonho – aliás, um pesadelo – que eu não queria acreditar que estava acontecendo. Eu simplesmente me desliguei daquela realidade, era impossível em minha mente crer que os domingos, os sábados e tudo não seriam mais os mesmos.
senna 1 700x466 20 anos sem o maior piloto de todos os tempos
A ficha só começou a cair quando um avião comercial, escoltado por dois caças da FAB, adentrou o espaço aéreo brasileiro… Nosso campeão, tricampeão, meu ídolo, estava voltando para sua terra, mas não como deveria. Aquele enorme cortejo que atravessou São Paulo e aqueles milhares, milhões de desconhecidos que compartilhavam a mesma dor que eu sentia, foi duro demais para mim.
Foi difícil aguentar, era como se um parente muito próximo havia falecido, um amigo de todos os dias… Enfim, ainda agora, ao escrever esses parágrafos, é difícil não deixar as lágrimas caírem. Eu nunca o vi pessoalmente e nem havia ido à Interlagos para ver suas habilidades de perto. Então, se eu me senti (e me sinto) assim, imagine quem teve contato mais próximo com ele… Deve ter sido um golpe bem mais duro.
Hoje não é domingo, mas as lembranças daquele 1 de maio de 1994, nunca irão se apagar. Naquele dia, partia um grande brasileiro, um homem que certamente serviu de inspiração para muitos vencedores neste país e para mim também, é claro. Muitos que acreditaram em sua incrível determinação de sempre fazer mais, melhor e perfeito. Ayrton Senna, meu grande amigo, ainda está vivo dentro de mim e assim continuará.
Texto: Ricardo Oliveira “Moriah”
SHARE
    Blogger Comment
    Facebook Comment