Com o avanço rápido dos controles eletrônicos já se pergunta se não estamos cada vez mais próximos da direção totalmente automática de um veículo. Esse debate está intenso tanto nos EUA como na União Europeia. Na realidade os modelos mais caros já vêm equipados com câmaras de vídeo (inclusive estereoscópicas de visão tridimensional), radares, sensores de raios infravermelhos, computação nas nuvens, navegador por satélites e comunicações sem fio (Bluetooth e wi-fi). São simulacros de olhos e ouvidos muito mais apurados e rápidos que os orgânicos, não se distraem, não se enganam, jamais se cansam e nem se sujeitam a um mal súbito, pois, em geral, operam com redundância e se autochecam entre si para uma mesma operação.
Embora se venha alcançando um grau de confiabilidade bastante elevado e milhares de acidentes tenham sido evitados (ou de consequências menos graves), ainda há dúvidas sobre quando o sistema pode se consolidar até ser possível dirigir sem colocar as mãos no volante de forma segura e abrangente. Uma das empresas que mais progrediram está fora do setor automobilístico. O gigante da informática, Google, assegura que no máximo em cinco anos o sistema de direção automática, hoje em testes, estará pronto para produção seriada e em alta escala.
Longe, porém, de os fabricantes de veículos subestimarem o assunto. Pelo contrário, fábricas como Audi, BMW, Chevrolet, Ford, Mercedes-Benz, Nissan, Toyota, Volvo e Volkswagen, entre outras, continuam a revelar novas e arrojadas funções. O foco principal ainda é a segurança ativa, voltada para evitar acidentes. Todas, no entanto, se preocupam e reafirmam que a tecnologia existe para superar as tarefas trabalhosas, típicas de congestionamentos em ruas e estradas. Prazer de dirigir nunca será negligenciado. Boa parte dos motoristas continua fiel ao controle do veículo e, subliminarmente, preferem pensar que sua habilidade ainda conta bastante, mesmo que certas manobras, evasivas ou não, tenham diferentes graus de controle eletrônico autônomo.
Autoridades responsáveis pelo trânsito, na verdade, ainda estão reagindo com certa lentidão a esses novos tempos. Há exceções nos EUA. Califórnia, Nevada e Flórida aprovaram leis estaduais permitindo testes de dispositivos de verdadeiros “pilotos automáticos” em vias públicas. Outros estados estudam ações semelhantes. Isso levou considerável preocupação à Administração Nacional de Segurança de Tráfego em Estradas (NHTSA, em inglês) que pede moderação e limites a esses testes.
De fato, a legislação não prevê, por exemplo, uma transgressão feita de forma autônoma por um automóvel em que o motorista está apenas de forma virtual ao volante. Um estudo de 2011 da União Europeia, destacado pela publicação Automotive News Europe, mostra que há muitos pontos de interrogação:
· Que efeito a maior automação do veículo tem sobre o motorista?
· Como melhorar a interação com o motorista sem sobrecarregá-lo com informações?
· Há modo de alcançar padronização ou interface dos controles do automóvel sem prévia legislação?
· Como aperfeiçoar a formação de motoristas para sistemas de condução automática?
· De que forma integrar veículos de direção autônoma com outros usuários das vias?
· Estes outros usuários também precisarão de treinamento específico?
Além de todas essas respostas, as concessionárias deverão gastar mais tempo na entrega técnica do veículo. Afinal, quem não desenvolveu hábito ou gosto por ler manuais de instruções (no Brasil, em especial) precisará de muita atenção por parte do vendedor.
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