Switch Car

Um GMC 1942, um sonho e dezoito anos de trabalho


Projeto que mescla motorhome com fora-de-estrada está prestes a ser concluído. Veículo
levou 18 anos para ficar pronto e seu proprietário quer aposentar para usufruí-lo
Por Pedro Procópio
Especial para o Autos Segredos 
Diferente de seus amigos, que queriam comprar jipes para desfrutar de passeios em lugares de difícil acesso, Ronaldo Assunção Gontijo até curtiu o programa, mas queria ir à bordo de um caminhão com algum talento para o fora-de-estrada. Encontrou um GMC 1942, veículo que serviu durante a Segunda Guerra Mundial e nos idos de 1994 prestava serviços pesados numa empresa de construção. No front seu apelido era Jimmy, mas nas mão de Ronaldo o modelo foi rebatizado como Rocinante, nome herdado do cavalo de Dom Quixote.
A associação entre seu veículo e o meio de transporte do cavaleiro andante não é sem significado. Ronaldo compara  a obstinação dos 18 anos em que trabalha em cima de seu projeto com a vontade que o herói literário tinha em transformar o mundo. Ele explica que não está reformando o caminhão, mas construindo um novo. “Não é um tipo de trabalho de se mandar fazer. Cada item, cada solução é pensada e pesquisada”, relata. No fim das contas Ronaldo acabou montando uma oficina e aprendeu diversos ofícios: borracheiro, pintor, eletricista, mecânico, carpinteiro, serralheiro.
O PROJETO O objetivo é ter uma espécie de motorhome fora-de-estrada, ou, como seu projetista prefere dizer, um “motorcabana”. A cabine dá acesso à caçamba, que logo ganhará uma estrutura completa: banheiro, chuveiro, cama, mesa e cozinha. O destino? As piores estradas da América do Sul. Ronaldo já teve uma experiência parecida à bordo de uma Kombi, que o levou (e trouxe de volta!) até o sul do Chile. Ainda faz parte do projeto agregar uma carretinha de apoio com bancada, ferramentas e peças.
A mecânica foi toda feita para ampliar a capacidade fora-de-estrada. Agora é possível selecionar qual dos três eixos se quer tracionar.
O sistema de freio desenvolvido para este veículo é capaz de atuar de forma independente em cada roda. São três caixas de transmissão: a comum; uma reduzida, para o trechos mais complicados; e outra multiplicadora, ideal para estradas asfaltadas onde é necessário desenvolver uma velocidade maior.
O conforto foi uma preocupação constante nesse projeto, com a aplicação de isolantes térmicos e acústicos pela carroceria e a instalação de um subchassi com amortecedor. As suspensões traseiras também receberam poderosos amortecedores. Tudo neste veículo funciona com o toque de um botão, a troca de marchas, o controle dos eixos, freio de estacionamento, controle dos freios. Ao todo são quase 30 botões. A cereja do bolo será a instalação de uma placa no teto da cabine com uma espécie de mapa com o desenho de todas as funções do veículo e uma luz-piloto para identificar seu funcionamento.
Ronaldo criou uma placa com desenho de todas as funções do veículo e uma luz-piloto para identificar seu funcionamento
A buzina instalada neste GMC também tem história. Ela começou sua vida apitando numa locomotiva. Depois seguiu para um Fenemê. Ronaldo tentou comprá-la, mas o item não era vendido separadamente do caminhão. A buzina só foi arrematada do proprietário seguinte do Fenemê. As únicas perguntas que o proprietário não responde sobre o projeto é quando ele vai ficar pronto e quanto ele já gastou. Uma coisa é certa, pelas dimensões que o caminhão já ganhou, para sair da oficina algumas paredes terão que ser quebradas.
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