Estúdio local terá peso no visual de carros que logo serão vendidos por aqui
Criar um projeto global é um desafio para qualquer fabricante de automóveis. É necessário entender os mais diversos tipos de consumidor antes de criar um carro capaz de agradar a maioria. Para ajudar neste desafio, a Nissan está inaugurando o Nissan Design América Rio (NDA-R), um estúdio satélite que tem a missão de dar pitacos nos desenhos dos carros da marca baseados no gosto do brasileiro.
A inauguração do espaço, que fica dentro da sede da Nissan do Brasil, no Centro do Rio de Janeiro, contou com a presença do vice-presidente de Design da Nissan Américas, Taro Ueda, que esteve por trás do design de Nissan Sentra, New March e Altima e dos Infiniti Q50 e QX60. É a ele, baseado no centro de design de San Diego, a quem Robert Bauer, líder do escritório brasileiro, irá se reportar.
Usando o Sentra de exemplo, Ueda explicou um pouco dos processos que envolvem a criação de um modelo “Glocal”, como a fabricante define os carros globais com características locais. Todos os estúdios – o que ainda inclui Londres, Pequim e a matriz, em Atsugi, no Japão – criam desenhos independentes baseados em uma proposta inicial. Destes, alguns são selecionados e ganham modelagem em 3D. O passo seguinte é unificar as melhores propostas de cada projeto em um protótipo feito em argila com 1/4 do tamanho real. Os passos seguintes envolvem uma “briga saudável” entre o departamento de design e o de engenharia. É que nem todas as formas propostas podem ser reproduzidas numa linha de montagem com a devida agilidade e atendendo ao limite de preços. Claro que o departamento de engenharia também tenta propor uma saída boa para os dois lados. “50% das questões nós conseguimos administrar bem, mas para resolver a outra metade a gente precisa brigar mesmo”, brinca o executivo.
O estúdio brasileiro tem a oportunidade de opinar em carros que podem nem ser vendidos no Brasil, mas sua opinião pode pesar mais quando houver intenção de vendê-lo por aqui. E para agradar os brasileiros eles farão pesquisas constantes, envolvendo gostos, atitudes e a cultura local. Aliás, estas pesquisas começaram há cinco anos, quando a Nissan enviou designers para seu escritório em São Paulo. O resultado foi a criação do conceito Extrem, atração do Salão do Automóvel de 2012, e que chamou atenção pelo seu tom de laranja.
Taro Ueda, que dirige o “esquisito” Nissan Juke no dia-a-dia, mas que se diz fã do Datsun 240Z - esportivo japonês do início da década de 70 –, está no Brasil pela segunda vez e ainda não entendeu como um país tão alegre, repleto de belas paisagens naturais e cheio de cores ter tantos carros preto, prata e branco nas ruas. Dizem que isso envolve o valor de revenda, mas vamos deixar essa para o NDA-R responder.
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