Se há um país onde o patriotismo impera, esse país é os Estados Unidos. Eles não só mostram isso ao mundo, como “vendem” também (a indústria cinematográfica está aí para comprovar). E têm um tremendo orgulho em exibir para os outros que o que eles fazem tem o selo “Made in U.S.A.”. Nos carros não é diferente, mais precisamente no mundo dos esportivos. Mas, nesse campo, parece que eles aprenderam com os rivais europeus.
Diferente do futebol, onde os americanos ainda estão um pouco distantes da qualidade de ingleses e alemães, por exemplo, no universo dos esportivos e/ou supercarros, a diferença se dilui. Se há menos de vinte anos seus esportivos seguias a máxima “motor grande, muito torque e suspensão molenga”, hoje essa máxima carece de revisão, urgentemente.
O melhor exemplo são os três esportivos mais emblemáticos da terra do “Stars and Stripes” (como eles batizaram sua seleção de futebol): o recém-lançado Corvette Stingray, o SRT Viper e o Ford Mustang Shelby GT500. O “Vette” está mais refinado do que nunca. Mais leve, com peças de composto misto de fibra de vidro e carbono e capô e teto de fibra de carbono. No câmbio, sete marchas à frente. E a suspensão – item que deixava qualquer carro americano aquém dos europeus – o Chevrolet agora vem bem-servido do opcional MagneRide de 3ª geração.
Se os 456 cv soam poucos para encarar os 570 de uma Ferrari 458 Italia, vale lembrar que ele é o primeiro da nova linhagem. Para os próximos anos podemos aguardar um novo ZO6 e, quem sabe, outra monstruosidade chamada ZR1. E não custa lembrar que boa parte da atitude menos americana e mais europeia do Corvette nas ruas e estradas vem das vitórias que a Chevrolet obteve em várias corridas de longa duração mundo afora nos anos 2000.
O SRT Viper não fica atrás do rival, mas é mais “americano” que o Chevrolet. Desde o enorme V10 de 8,4 litros e 648 cv até a transmissão manual de seis marchas – mais convencional que a de sete do Corvette –, o Viper traduz melhor a máxima do saudoso Carrol Shelby, de que “não há substituição para polegadas cúbicas”. Nem mesmo a aquisição da Chrysler pela Fiat fez com que o Viper perdesse a “índole” americana. Ele agora é mais refinado, possui controle de tração, de estabilidade e suspensão ajustável para rua ou pista, mas dificilmente isso põe rédeas na selvageria do V10.
Dos três o Mustang talvez seja o menos lembrado nesse momento. Com alguns anos de lançado, o brilho do cavalo galopante americano já não é tão evidente como em outros tempos, mas mesmo ele está muito mais refinado que seus antecessores. A versão Shelby GT500, que rivaliza com Viper e Corvette vai além do V8 de 650 cv: traz controle de largada, diferencial de deslizamento limitado e freios de competição Brembo, além de, é claro, controle de tração. E, como o próprio Shelby disse antes de morrer, “qualquer carro hoje passa dos 600 cv”, então sob a supervisão dele a preparadora fez um GT500 com 1.000 cv. Tá bom ou quer mais?
Quem sentiu falta do Chevrolet Camaro nessa lista (que se tornaria um quarteto), pode ter certeza que ele não foi esquecido. Na verdade, de todos os americanos aqui, talvez ele seja o que mais recorde a velha-guarda ianque em performance na versão SS. Todas as publicações que testaram o carro enfatizaram que ele é mais firme que os americanos de antigamente, mas aquém de Ferraris, Porsches e Lambos, assim como os freios, que são mais propensos ao “fading”, que os concorrentes. Por outro lado, a versão ZL1 joga os parâmetros para outro patamar, usando e abusando de itens já descritos aqui, deixando o esportivo de entrada da GM no mesmo patamar dos europeus.
No final das contas, constata-se que o Velho Mundo trouxe boas lições para os americanos. O orgulho ianque permanece, mas revisto e refinado.
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